Família Sem Roteiro

Niterói - RJ

Luana, David e Caio – Família Sem Roteiro

Antes de apresentar o primeiro o meu “ensaio” do projeto Família sem Roteiro, vou falar um pouco da minha fotografia e de como a vontade de “passar um dia todo” na casa de uma família surgiu e ganhou um corpo e uma alma.

De uns tempos pra cá estou passando por um processo de coaching/mentoring com a Tati Pinho, uma amiga querida e fotógrafa aqui do Rio. Ela tem me ajudado a buscar aquilo que é essencial, forte e verdadeiro na minha fotografia, tentando levá-la para longe das poses preparadas, dos clichês e da fotografia puramente estética.

Ao longo das nossas reuniões ela me aconselhou a fotografar “o quê” me desse mais prazer e liberdade, buscando seguir com o trabalho de forma profunda e calma, sem a pressão do “horário marcado, para poder retratar as pessoas de forma real. Eu amo fotografar casamentos e ensaios, e comecei a perceber que ao longo do dia do casório, ou mais para o fim do ensaio conforme eu ia conhecendo e me aproximando das pessoas, eu curtia mais e os resultados melhoravam sensivelmente.

Ok vou confessar: a parte final, o finzinho, é sempre a melhor parte para mim. É quando estou mais integrado, envolvido e mais perto das pessoas que eu fotografo e, por isso, acabo fazendo minhas melhores fotos.

Hoje, nós fotógrafos somos “storytellers”. Esse é o termo da moda para falar que devemos contar uma história, uma narrativa completa, e não fazer somente um punhado de belas imagens. E, para contar uma autêntica história, construir uma verdadeira narrativa, eu sentia falta de conviver um pouco mais com os meus fotografados.

Assim, passar um dia todo com uma família, foi a fórmula que encontrei para poder conhecer mais profundamente as peculiaridades, os pequenos detalhes, momentos divertidos e emocionantes que só o dia a dia pode revelar.  Momentos que são banais, se olhados de forma desatenta, mas que podem ser tornar extraordinários quando registrados com carinho e dedicação.

O bebê que acorda cedo, os brinquedos preferidos, as refeições em família, as pirraças que sempre acontecem, as lutas na hora do banho ou para escovar os dentes (que no caso do Caio foi uma luta mesmo rsss), o carinho na hora de dormir, são alguns dos ingredientes que fazem parte do universo das famílias e que, sem registro, desaparecem e podem deixar muita saudade.

Que pai ou mãe não se pega lembrando de algo que seus filhos faziam e não fazem mais? Que filho não gostaria de ver, no futuro, como era sua vida, quando ele ainda nem podia lembrar?

Hoje, como pai de dois filhos que já estão crescendo (e para mim o Pedrinho e a Nanda estão crescendo rápido até demais!!!), posso dizer que sinto saudades alguns destes pequenos momentos. E são esses tesouros, esses achados do dia a dia, que tornam nossas famílias únicas e diferentes de todas as outras.

Foi com essa proposta que eu cheguei para fotografar a família da Luana, do David e do pequeno Caio. Fotografá-los foi, para mim, um “divisor de águas”, algo que mudou meu jeito de pensar a fotografia. Por isso, antes de contar (e mostrar) a história da minha Primeira Família sem Roteiro, queria expressar minha gratidão a eles: Foi especial demais, muito obrigado!!!!

Como esse projeto está sendo diferente em tudo, vou fazer diferente também agora e contar a história pelo fim: O dia da entrega das fotos. Normalmente, eu marco minha entrega para um mês depois do “ensaio”. Nesse caso eu nem marquei um prazo e só entreguei com quase três meses (Ainda não sabia como apresentaria o trabalho e Lu foi muito compreensiva ufa!). De fato, um pouco mais de tempo foi realmente necessário, pois ao longo de um dia inteiro são muito mais cliques do que um ensaio normal e o trabalho de edição precisa ser muito mais criterioso, para separar os momentos realmente importantes.

Com esse tempão para entregar, sem ter feito sequer uma prévia, fui eu para casa deles. Pensei (ainda sem a convicção que tenho hoje sobre importância dessas fotos) – Ela vai olhar e falar: – demorou esse tempo todo para entregar essas fotos, esses momentos simples e sem graça? Fiquei inseguro como não fico na maioria dos outros trabalhos.

Engano meu, a resposta da Lu e do David, foi incrível. Eles ficaram super emocionados e felizes em poder ver, por outros ângulos, com outras luzes, aqueles momentos que são verdadeiramente a vida deles.

Aquele dia que começou cedo, com a minha estranha presença e que tinha tudo para ser um dia “comum”, acabou mostrando para eles, como a vida real, simples e cotidiana, pode ser recheada de momentos especiais, únicos e singulares.

Como a Lu escreveu: – Essas fotos irão me emocionar para sempre Gustavo. Obrigada por ter registrado o nosso dia a dia com tanta doçura, com tanta verdade.

Esse depoimento é o resumo do que espero deste trabalho: momentos singelos e verdadeiros, que são a base da nossa memória familiar, que por mais que pareçam “sem graça” hoje, ganharão um enorme valor no futuro.

Para terminar, eu queria dizer que foi um enorme privilégio poder viver um dia inteiro, quase como “parte dessa família” e poder compartilhar o resultado aqui com vocês. Valeu por tudo!

Vamos começar com um slideshow (com uma maravilhosa música do Caetano!) e depois as fotos.